O amor requer ajuda psiquiátrica. Nem todos é certo, falo
daqueles amores que só existem um num milhão, aqueles amores que sem dar-mos
por isso, nos liga de forma espiritual á outra pessoa que no fundo não nos é
nada. Um dia conhecemos, anos depois sentimos.
O amor requer também ajuda. Principalmente numa separação,
ainda para mais na nossa.
Sim, é tua obrigação ajudares-me a desaparecer da tua
vida. Se dizes que não, amanhã não me digas que sim, se não me queres então não
me chames, se não queres que te toque então não me abraces. Que raio de pessoa
és tu que de dia é gelo e á noite é fogo? Não tens esse direito.
Preciso da tua ajuda para me magoares, para me
desprezares, para me dizeres que não me queres mais, para me ofenderes se tiver
que ser, para me culpares de tudo o que eu fiz e não fiz, para me criticares
até pela maneira como respiro. Disseste-me que estarias sempre aí para mim, mas
eu não quero que estejas. Disseste-me que para sempre me ias amar, mas eu não
quero que ames. Disseste-me que eu iria ser tua para sempre, mas eu quero ser
de outra pessoa. Talvez esteja a ser fria naquilo que digo. Mas lembra-te que
foste tu que congelaste o meu coração. Foste tu que me magoaste com as palavras
que eu nunca te irei dizer.
Ajuda-me a odiar-te. Ajuda-me nesta separação. Porque
essa ajuda é apenas a primeira parte. A segunda é a ajuda psiquiátrica. Porque
meu amor, admito que me levas á loucura. Admito que já me olhei ao espelho,
limpei as lágrimas, apertei a cabeça e gritei que estava louca. E não é
mentira. Sou louca sim, no simples cliché do ‘’por ti’’.
A parte que requer ajuda psiquiátrica é quando, em vez de
te dar vontade de soltar, tu agarras com mais força. Quando amas o ódio. Quando
amas quem te magoa. Quando preferes viver sufocada mas com quem te sufoca, do
que livre e com saudades do sufoco. Quando não és feliz com ele mas sem ele
menos feliz és. Quando mesmo sabendo que é errado, preferes em vez do certo.
Quando sabes que é pior para ti mas mesmo assim preferes viver no pior.
Nasci para amar. E quando amo, nunca deixo de o fazer. E
o mais estúpido é que sei que só amei uma vez. E amei o pior amante de todos.