Deveria ter acreditado em mim quando te conheci.
Odiei-te.
Odiei cada segundo que fui obrigada a respirar o mesmo ar
que tu,
cada vez que por engano olhei para ti,
cada palavra tua que ouvia sem querer,
cada piada no ar sem um sorriso meu,
cada gesto sem sentido,
cada cheiro teu que o vento trazia na minha direcção,
cada vez que ouvi o meu nome na tua boca.
Odiei o teu ego que tentava superar o meu,
a tua pequena e inútil superioridade,
os teus defeitos horríveis que eram tantos em tão pouco
tempo,
as tuas virtudes monótonas e falsificadas, e principalmente:
Odiei o facto de não haver explicação para tanto ódio,
odiei a maneira como me fazias sentir,
odiei pensar que talvez fosse um exagero meu.
Odiei odiar-te.
Jurei a mim mesma que nunca mais iria olhar para ti, que
nunca mais te iria ouvir, que não irias voltar a tocar no meu nome, que o teu
ego, a tua superioridade, os teus defeitos e as tuas virtudes não se iriam
voltar a aproximar de mim. Jurei com toda a minha força, com toda a minha
convicção, com toda a minha fé.
Naquele dia jurei,
dias depois traí-me.